Não me lembro se ele ligou. Acho que
encontrei-o na internet a partir dos dados que ele havia me dado na breve
conversa de caixa de banco. Ou aconteceu ao mesmo tempo. Ele me ligou e eu o
procurei. Marcamos em um restaurante simpático que não existe mais. Subi as
escadas na frente dele. Amarrei as costas do meu vestido com as mãos para trás, em um gesto
preciso e suave que ele muito tempo depois ainda recordaria. O vestido era
vermelho e também não existe mais. Tomamos vinho. Um dos vinhos mais deliciosos de que minha memória tem recordação. Sul-Africano. Me arrependo de não ter anotado
o nome. Demos risada. De repente, ele me taca um beijo. A boca gostosa, sedenta. O beijo só terminou na hora de entrar,
cada um no seu carro, em direção ao apartamento dele. O que me fazia fazer
aquilo? Fui me perguntando isso durante todo o trajeto. No elevador, ele me
agarra novamente. O elevador para e ele me arrasta pelo corredor escuro.
Lembro-me nitidamente o efeito que aquele beijo me causou. Com seu corpo, ele empurrava o meu contra a parede. Meu corpo tremia de desejo, de vontade. Minha pele, arrepiada. Gemidos saiam de mim sem que eu tivesse qualquer controle sobre isso. Uma vontade de mais e mais. Ele se esfregava em mim e nos
movimentávamos compassadamente ao som de uma música invisível. As mãos dele
tentavam explorar meu corpo por cima do vestido vermelho. Sentia-as deslizando em busca do que apertar. Uma pegada forte mas sem machucar. Intensa e interessada. Eu empurrava meu
corpo contra o dele na expectativa de encontrar a solidez do seu pau sob as roupas. Enquanto uma mão segurava minha cabeça, a outra apertava minha bunda. Fiquei totalmente entregue. "Pode fazer de mim o que quiser". Foi isso que pensei. Ele abriu a porta.
Entramos.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Foi no Cinema que tudo Começou
Nossos olhares se cruzaram pela primeira vez numa sala de
cinema. Antes do filme começar. O filme foi impactante. A luz se acende, cruzamos olhares novamente: "Forte né?". "É, foi intenso". O segundo encontro de olhares foi no caixa
automático de um banco, dentro de um shopping center. “Eu conheço você de algum
lugar...”. “É. Já nos vimos antes”. Sorrisos. Mal jeitos. Afastamo-nos lentamente um do outro a pretexto de pagar contas. Mas, inadvertidamente, os olhares novamente se encontram. Ao mesmo tempo:
“Como você se chama?”. Risadas. Trocamos telefones.
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